• Ylê Asé
  • Taunkerã

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ODUDUWÁ

 

ODUDUWÁ é a representação do mundo dos espíritos e, portanto, também o dono de todos seus segredos. ODUDUWÁ significa: “Senhor Dono do Castelo”. Sua tradução é “Anos cansados”. ODUDUWÁ assim como OBATALÁ são ORIXÁS da criação. ODUDUWÁ representam o pai da genética, também considerado o princípio da ancestralidade.

OLODUMARÉ é o rei do céu e ODUDUWÁ o rei da humanidade.

Determina o nascimento e a morte de todos os seres humanos já que ele é quem determina o tempo de vida do nosso corpo físico, ou seja, o fim da vida. Este ORIXÁ está extremamente ligado ao ORIXÁ ORUNMILÁ, por também interferir no destino dos seres humanos.

ODUDUWÁ é quem dá o sopro da vida no útero materno, acoplando o espírito a primeira formação biológica.

Representa a maternidade, embora seja considerado um ORIXÁ masculino, pois cumpre um papel materno ao acolher os seres humanos em sua passagem pela Terra.

E por ser esta divindade criadora, é um ORIXÁ que quando fala é determinante na sentença, quer dizer, por exemplo, em um ITÁ de ORIXÁS, estes nos permitem corrigir as nossas faltas, mas no ODÚ dado por ODUDUWÁ existe também essa possibilidade, porém a atenção deve ser redobrada, pois as mudanças necessárias dentro de seu ITÁ só serão possíveis por obediência, pois é um ODÚ que nos oferece um recurso para que possamos evitar cometer os erros que vínhamos cometendo.

Quando nos dá um ODÚ de orientação, nos recomenda a fazer as melhores coisas do ODÚ, pois somos humanos e temos o livre arbítrio, nos permitimos a errar, cometer faltas. No entanto, os ORIXÁS nos perdoam uma e outra vez, enquanto que ODUDUWÁ nos exige obediência, já que as orientações de ODUDUWÁ são determinantes e se não evitarmos o mal prescrito em seu ODÚ, fatalmente cairemos na negatividade do mesmo, tropeçando nos OSOGBOS (negativos) do ODÚ marcado, já que somos donos de nosso destino.

É um ORIXÁ de BABALAWÓS e não de OLORIXÁS. Não se recebe pelas mãos de OLORIXÁS, mas sim em IFÁ pelas mãos de BABALAWÓS consagrados no Culto a ODUDUWÁ, isso não quer dizer que um OLORIXÁ não possa ser iniciado no culto. ODUDUWÁ cortou a língua com uma faca para poder alimentar seu irmão ORUNMILÁ e seus filhos. É, por isso, que ODUDUWÁ não fala por MERINDILOGUN (BÚZIOS), somente por IFÁ (IKINS), porém todos devem recebê-lo. Ao recebê-lo, a pessoa adquire evolução e estabilidade. Todos esses relatos nos certificam o poder, a hierarquia e a importância desta divindade para cada ser humano de qualquer idade. ODUDUWÁ se recebe através de um ritual longo, extenso, que dura vários dias de muitos rituais de grande complexidade litúrgica.

ODUDUWÁ HISTÓRICO E ODUDUWÁ MÍTICO

Não devemos confundir o ODUDUWÁ MÍTICO com o ODUDUWÁ HISTÓRICO. Não existe nenhum vínculo entre um e outro.

ODUDUWÁ HISTÓRICO se destaca como o líder da expansão territorial da Cultura YORUBÁ. É considerado um ONÍ (Rei Soberano) dentro do sistema cultural YORUBÁ, devido a que se lhe atribui a expansão e consolidação da Regra de IFÁ-ORIXÁ, devido a revelação do caminho que lhe foi dado por ORUNMILÁ. Daí é que dentro da teologia YORUBÁ, ODUDUWÁ seja considerado como o fundador de IFÁ.

Sabe-se que ODUDUWÁ ordenou a redação de uma Constituição para o povo de ILÉ-IFÉ e o estabelecimento de um governo que deveria ser encabeçado por ele.

ODUDUWÁ MÍTICO é o primeiro rei da atmosfera e da fortuna. Vive nas escuridões profundas da noite e possui um só olho que é fosforescente. É uma massa espiritual de enormes poderes que não tem forma nem figura fixa.

ODUDUWÁ assim como OBATALÁ, é o ORIXÁ de mais alto grau da religião YORUBÁ, portanto, a ele se pode titular como o “Líder dos Orixás”. Em alguns aspectos excede a OBATALÁ no poder e comando de respeito. A derivação ou nome é muito incerta. Uma delas a palavra se compõe da seguinte forma: ODU TI O DA WA (a pessoa que existe por si mesma, ou, o líder de tudo, o que nos criou e deu existência a todos). Outro nome inclui o de “IYA AGBÉ”, onde sempre o representa na posição sentado, amamentando uma criatura, é a esta representação feminina que chamam de ODUAREMU.

A história registra que o primeiro BABALAWÓ a ter recebido ODUDUWÁ, o fez precisamente das mãos da YALORIXÁ CUCA ODÚA e este foi o BABALAWÓ DON LÁZARO ARTURO PEÑA OTRUPON BARAIFE, quem consagrou o famoso BABALAWÓ DON ELPÍDIO CÁRDENAS OTURA SÁ, e foi EFUNSHE quem entregou ODUDUWÁ a MIGUEL FÉBLES ODI KA. EFUNSHE era de EGBADO e adorava ODUDUWÁ assim como outros ORIXÁS oriundos dessa terra como YEWÁ e OLOKUN.

A história também registra claramente que os primeiros ODUDUWÁS entregues em CUBA aos BABALAWÓS foram entregues por OLORIXÁS, porém muitos segredos de IFÁ chegaram depois à ILHA e a partir daí começaram a adequar as liturgias de ODUDUWÁ para BABALAWÓS, acrescentando segredos e fundamentos à prática litúrgica, que já existia em terras africanas e a partir daí foram resgatadas no Ocidente.

MIGUEL FÉBLES não entregava ODUDUWÁ em cofre, nem tampouco em panela de barro fechada. A entrega da maneira como se entrega ODUDUWÁ hoje em dia é o produto da fusão da forma que o entregava MIGUEL FÉBLES e outras vertentes que o entregavam em cofre, sem ferir as liturgias.

Último cerimonial de ODUDUWÁ nos dias 26, 27 e 28/04/2019 onde foram iniciados 16 filhos no culto a ODUDUWÁ pelas mãos do OLUWÓ SIWAJÚ EVANDRO LUIS DE CARVALHO OTURA AIRA IFÁ NI L’ÓRUN.

Um cerimonial que sua preparação antecedeu três meses a seu ritual e três dias de exaustivas cerimônias para essa grande divindade, incluindo no dia do meio, uma palestra sobre essa divindade feita pelo OLUWÓ SIWAJÚ EVANDRO OTURA AIRA

 

Fonte: Ifá Ni L’Órun

 

 

 

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